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Sobre a Abordagem

Minha abordagem clínica, se chama Fenomenologia Existencial e Hermenêutica e também estudo, por ser muito semelhante, porém ampliada por outros autores, a chamada Daseinsanálise.

A fenomenologia existencial é uma abordagem na psicoterapia que se baseia nas ideias filosóficas de Martin Heidegger, que foi um filósofo alemão do século XX, conhecido por suas contribuições à fenomenologia e ao existencialismo. Abaixo, explico alguns dos conceitos-chave dessa abordagem:

Fenomenologia

A fenomenologia, iniciada por Edmund Husserl e desenvolvida por Heidegger, é um método filosófico que busca descrever as experiências humanas tal como elas são vivenciadas. Em vez de explicar essas experiências por meio de teorias externas, a fenomenologia se concentra em descrever a essência dessas experiências do ponto de vista do sujeito.

Existencialismo

O existencialismo é uma corrente filosófica que enfatiza a liberdade, a escolha e a responsabilidade individual. Heidegger, em particular, se concentrou na questão do ser (ontologia), questionando o que significa "existir" e como os seres humanos se relacionam com o mundo ao seu redor.

Ser-no-mundo (Dasein)

Um dos conceitos centrais de Heidegger é o "Dasein", que pode ser traduzido como "ser-aí" ou "ser-no-mundo". Este conceito reflete a ideia de que o ser humano não é uma entidade isolada, mas está sempre em relação com o mundo e os outros. Na psicoterapia, isso implica que a compreensão do paciente deve considerar seu contexto e suas relações, em vez de tratá-lo como um indivíduo isolado.

Daseinsánalise

A Daseinsanálise é uma modalidade de terapia fenomenológica-hermenêutica com bases existenciais, que investiga como o paciente, enquanto ser-no-mundo, experimenta sua demanda e sofrimento psíquico. Esta abordagem compreende a psicoterapia como uma tentativa de abrir novas possibilidades estruturais para os transcursos existenciais dos indivíduos.

Originada na psiquiatria e psicologia fenomenológica-existencial de Martin Heidegger, a Daseinsanálise se delineou entre as guerras mundiais e floresceu após a Segunda Guerra Mundial. Seu nome e fundamento filosófico derivam da analítica existencial de Heidegger e foram desenvolvidos por Ludwig Binswanger e Medard Boss, sendo posteriormente expandida por Alice Holzhey-Kunz.

Autenticidade

Heidegger enfatiza a importância da autenticidade, que é viver de acordo com a própria essência e verdade, em vez de se conformar às expectativas externas. Na terapia, isso pode envolver ajudar o paciente a descobrir e viver de acordo com seus próprios valores e significados.

Angústia (Angst)

A angústia é um tema importante em Heidegger. Diferente do medo, que tem um objeto específico, a angústia é uma sensação de desconforto existencial que surge quando confrontamos a natureza finita e incerta da nossa existência. Na psicoterapia, explorar esses sentimentos de angústia pode ajudar o paciente a lidar com questões profundas de existência e propósito.

Temporalidade

Para Heidegger, a compreensão do ser está intrinsecamente ligada ao tempo. Ele argumenta que os seres humanos são "seres temporais", cuja existência é definida pelo passado, presente e futuro. Na prática terapêutica, isso pode significar que é importante considerar como as experiências passadas do paciente influenciam seu presente e suas expectativas futuras.

 

Aplicação da abordagem na Psicoterapia

Na prática da psicoterapia, a fenomenologia existencial de Heidegger se traduz em uma abordagem centrada na experiência subjetiva do paciente. O terapeuta busca entender o mundo do paciente tal como ele é vivido por ele, sem impor interpretações externas. A ênfase está em explorar as experiências do paciente de maneira aberta e sem julgamentos, ajudando-o a encontrar significado e autenticidade em sua vida.

Através dessa abordagem, a terapia fenomenológica existencial pode ajudar os pacientes a lidar com questões existenciais, como a busca por propósito, a ansiedade em relação à morte e a necessidade de viver uma vida autêntica e significativa.

Diagnóstico

Na abordagem fenomenológico-existencial, a prática diagnóstica difere significativamente das abordagens tradicionais. Em vez de categorizar e rotular, a fenomenologia existencial se concentra na experiência subjetiva do indivíduo e na compreensão do seu modo de ser no mundo. Essa abordagem enfatiza a singularidade da experiência humana e evita a redução da experiência a meras categorias diagnósticas.

No entanto, isso não significa que o profissional da área psicológica que utiliza a fenomenologia existencial ignore os aspectos psicopatológicos. Pelo contrário, ele busca compreender profundamente a experiência vivida do paciente, incluindo seu sofrimento e suas dificuldades, sem necessariamente enquadrá-lo em um diagnóstico formal. O foco está na descrição e na interpretação dos fenômenos conforme são vividos e percebidos pela pessoa.

Em resumo, na abordagem fenomenológico-existencial, o profissional pode abordar questões psicopatológicas, mas faz isso de uma maneira que prioriza a experiência subjetiva e o contexto existencial do indivíduo, ao invés de aplicar um diagnóstico tradicional.